Prezadas/os companheiras/os,
Queremos compartilhar com as/os companheiras/os de militância de todo o Brasil um conjunto de recentes conquistas que acreditamos fortalecer o movimento pelas liberdades de orientação sexual e de identidade de gênero como um todo. Gostaríamos, também, sensibilizar a ABGLT quanto à necessidade de discutir o tema das bissexualidades e acolher a atuação organizada de bissexuais no movimento brasileiro.
O ano de 2004 foi muito especial para nós, homens e mulheres que se reconhecem como bissexuais no movimento homossexual. Desde o início de março de 2004, na Associação do Orgulho GLBT de São Paulo, têm ocorrido as reuniões do projeto Espaço B, atividades quinzenais e abertas, que têm por objetivo construir uma base de argumentação sobre direitos humanos e (bi)sexualidades e promover um ambiente de acolhimento para bissexuais. Grupos universitários como o Prisma (USP) e o Diversidade (Unicamp) têm articulado grupos pró-diversidade sexual nas universidades e acolhido bissexuais. Ativistas bissexuais começaram a mostrar suas caras em diversos grupos: Estruturação (DF), Identidade (Campinas), Diversidade (Unicamp), Prisma (USP), Mo.Le.Ca (Campinas), Ser Humano (SP), E-Jovem (Campinas), E-Sampa (SP), Umas e Outras (SP). Uma proposta de discutir bissexualidade sem formar um grupo específico ou restringir a discussão a pessoas que se identifiquem como bissexuais tem sido desenvolvida, desde junho de 2004, pelo Mo.Le.Ca, grupo de lésbicas de Campinas.
Em junho, fundamos a lista Espaço B no yahoogrupos, que propiciou a articulação de uma rede informal de ativistas bissexuais e de ativistas apoiadoras/es por vários estados espalhados no país e levou à demanda pela ampliação do critério de inscrições no II Encontro Paulista GLBT, de modo a aceitar inscrições de ativistas formalmente identificadas/os como bissexuais. A Plenária Final do II Encontro Paulista, em agosto, aprovou: a criação da Rede B, rede estadual de ativistas bissexuais, que objetiva expandir-se e visibilizar a questão nacionalmente; o estímulo à discussão do tema bissexualidade nos grupos gays, lésbicos ou mistos já existentes, através de atividades abertas a pessoas de qualquer identidade sexual; a viabilização de campanha, no interior do movimento, com o objetivo de desconstruir imagens negativas associadas à bissexualidade e inserir a representação desse segmento em fóruns e encontros do movimento; a inclusão do segmento nas reivindicações levadas pelo movimento; e a adoção, como diretriz para a atuação dos grupos, do princípio de procurar agir através de estratégias que enfrentem a homofobia sem contrapor negativamente homossexualidade a hetero ou bissexualidade, ou sem, equivocadamente, combater hetero e/ou bissexuais.
Em outubro, nascem o Bis – Núcleo de Bissexuais e o Jornal BIS do Grupo Estruturação (DF), cujos objetivos são envolver bissexuais na luta por direitos sexuais e por direito de igualdade quando se fala de direitos humanos, desconstruir mitos e idéias errôneas sobre a bissexualidade, trabalhar campanhas de prevenção às DST/AIDS, educar quanto ao uso de preservativo e distribuir material.
Em novembro, ocorreu o Encontro Nacional da Liga Brasileira de Lésbicas, onde se reconheceu a organização política das mulheres bissexuais e acolheu a presença dessas ativistas na Liga.
Nós, ativistas de núcleos bissexuais no interior de grupos filiados à ABGLT, gostaríamos de ter reconhecido, por esta Entidade Nacional, nosso trabalho pela organização política de homens e mulheres bissexuais. Queremos continuar atuando no sentido de fortalecer o movimento pelas liberdades de orientação sexual e de identidade de gênero como um todo. Que lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, juntos e juntas, sejamos agentes da transformação do preconceito e do ódio em respeito e eqüidade. Afirmemos a diversidade que compõe o arco-íris do desejo e do amor humanos. Caminhemos juntas/os!
Curitiba, 20 de janeiro de 2005.
BIS - Núcleo de Bissexuais / Grupo Estruturação (DF)
Espaço B / Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo (SP)
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