O termo bissexual continua sendo motivo de chacota tanto para a maioria dos héteros como dos homossexuais. Para ambos, a bissexualidade não passa de um disfarce...
Veja mais no link abaixo (matéria publicada em 23/09/2010):
Bissexualidade continua a ser vista com desconfiança
Espaço B
Espaço de expressão e de informação para quem se sente bissexual ou quer saber mais a respeito
sábado, 25 de setembro de 2010
Visibilidade Bi mudou de lugar!!!!
Procurando impedir que a possibilidade de chuva atrapalhe nossa celebração, o local do evento de visibilidade bi foi alterado para o Centro Cultural São Paulo, próximo à estação Vergueiro do metrô. O dia e hora permanecem: 26/09, domingo, 13h00.
Nos vemos por lá!
http://bisides.wordpress.com/2010/09/04/26-de-setembro-pic-nic-pela-visibilidade/
Nos vemos por lá!
http://bisides.wordpress.com/2010/09/04/26-de-setembro-pic-nic-pela-visibilidade/
sábado, 18 de setembro de 2010
Visibilidade Bi 2010 - Participe e divulgue!
Dia Internacional da VisiBIlidade!
Pic-nic - 26 de setembro - 13h no Ibirapuera Centro Cultual São Paulo (fugindo da chuva que parece ter chegado pra ficar no fim de semana)
Venha, traga amig@s, namorad@s, familiares e quem mais te ama e tem orgulho de você! Não esqueça as comidinhas e bebidinhas ;-)
Divulgue!
segunda-feira, 19 de julho de 2010
Carta de São Carlos- 4o. Encontro Paulista LGBT
IV Encontro Paulista LGBT
São Carlos, 1 a 3 de julho de 2010.
Carta de São Carlos
Carta do IV Encontro Paulista de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, promovido pelo Fórum Paulista LGBT em parceira com a Prefeitura Municipal de São Carlos e a ONG Visibilidade LGBT, o encontro teve a participação de 130 militantes oriundos de 29 municipios
1. De 1 a 3 de julho de 2010, na cidade de São Carlos, realizamos o IV Encontro Paulista LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais). Esse encontro acontece juntamente com a II Parada do Orgulho LGBT de São Carlos, que não é mais somente a cidade da ciência e tecnologia, mas está passando a ser também a cidade da diversidade.
2. Em seu relatório anual denominado “Homofobia Estatal”, a Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Pessoas Trans e Intersexo – ILGA aponta que 86 países criminalizam a homossexualidade, sendo que sete deles com a pena de morte. São lentos os avanços na garantia dos direitos humanos no contexto internacional, com vários reveses. Neste momento, está em pauta impedir a aprovação da criminalização da homossexualidade em Uganda. Em diversos países, as manifestações do Orgulho LGBT são reprimidas pela polícia.
3. Frente a esse contexto, o movimento LGBT por meio de entidades como a ILGA e a ABGLT está envolvido no processo de incidência política pelos direitos LGBT frente aos organismos multilaterais (OEA e ONU) juntamente com diversas organizações internacionais de Direitos Humanos. Um tema importante da agenda do movimento é a questão da garantia da liberdade de identidade de gênero. Atualmente, está em curso uma campanha internacional de despatologização das identidades trans.
4. Milhões de LGBT ainda têm os seus direitos fundamentais violados diariamente em decorrência da violência e da ausência de leis específicas que criminalizem a homofobia. A pesquisa "Diversidade Sexual e Homofobia no Brasil...”, realizada pela Fundação Perseu Abramo, revela que 25% dos brasileiros são fortemente homofóbicos. Essa situação nos convoca para a luta em favor da democracia, pelos direitos humanos, pela igualdade e pela erradicação de todo tipo de discriminação. Na Constituição Federal, Art. 1o, incisos III e V, o Estado Brasileiro funda-se sobre a “dignidade da pessoa humana” e sobre o “pluralismo político”. Trata-se de afirmar o direito a ser diferente e a que essa diferença não seja transformada em desigualdade.
5. O lançamento do Plano Nacional de Direitos Humanos e Cidadania LGBT e a criação da Coordenadoria de Promoção dos Direitos LGBT representam avanços importantes no executivo federal. No entanto, a limitação da estrutura do orçamento público para a efetivação das ações programadas ainda é evidente. É preciso avançar na transformação das atuais políticas de enfrentamento da homofobia em políticas de Estado.
6. No Congresso Nacional, a agenda dos direitos humanos, dos direitos sexuais e reprodutivos e da cidadania LGBT encontra-se interditada. O fundamentalismo religioso avança dentro do legislativo, viabilizando, por exemplo, a tramitação de iniciativas reacionárias como o “estatuto do nascituro”. Criminalizar a homofobia, instituir a união estável entre pessoas do mesmo sexo, e permitir que pessoas transexuais e travestis alterem seu pré-nome e usem seu nome social são as prioridades do movimento LGBT junto ao Congresso Nacional.
7. Há avanços no campo do judiciário. Depois de muitos anos em que eram poucas as decisões judiciais favoráveis ao reconhecimento de direitos das pessoas LGBT, limitadas a 1ª Instância e ao tribunal de justiça do RS, começam a surgir decisões no Superior Tribunal de justiça (STJ), como a que admitiu a legalidade da adoção por parceiras homossexuais e a caracterização de uniões homossexuais como entidades familiares. Entretanto, o acesso à justiça ainda é precário e a maioria dos crimes contra LGBT permanece sem a devida apuração e punições. As defensorias públicas não comportam a demanda e não estão preparadas para atender LGBT. Nós LGBT, ainda somos alvo fácil em um sistema judiciário que é pautado em grande parte pelos interesses da elite branca heterossexista, machista e homofóbica.
8. O Judiciário Paulista, apesar de alguns avanços em outros tribunais estaduais e mesmo no STJ (Superior Tribunal de Justiça), se mantém como um dos mais conservadores e resistente ao reconhecimento das uniões entre pessoas do mesmo sexo como entidades familiares, e as poucas decisões favoráveis à pauta LGBT são isoladas e de 1ª Instância.
9. Em São Paulo, foi criada a Coordenação de Políticas da Diversidade Sexual e regulamentada a lei 10.948, além de publicado o decreto que garante o uso do nome social. Entretanto, em um contexto geral de desmonte das políticas sociais do governo estadual, faltam políticas públicas concretas de promoção da cidadania LGBT e combate à discriminação, sobretudo nas áreas de educação, saúde e segurança. É urgente a ampla divulgação da lei anti-discriminatória, nos moldes do que foi realizado no caso da lei anti-fumo. O plano estadual de combate à homofobia só será executado se houver recursos orçamentários e estrutura adequada, o que está longe de acontecer hoje. O Conselho Estadual deve ser constituído de maneira ampla e democrática.
10. Na Assembléia Legislativa, vimos várias tentativas de revogação da lei 10.948 e nenhum avanço na tramitação e aprovação de legislações afirmativas para a população LGBT. A Frente Parlamentar Estadual pela Cidadania LGBT está desarticulada. Nos municípios, algumas Câmaras de vereadores têm aprovados leis de promoção de direitos LGBT, mas são avanços pontuais.
11. As três primeiras edições do Encontro Paulista LGBT, aconteceram em 1999 (Campinas), em 2004 (São Paulo) e em 2006 (Assis). O Fórum Paulista LGBT foi criado a partir da deliberação do I Encontro, ganhou novo impulso a partir do II Encontro e desde então tem sido o espaço de debate e discussão do movimento LGBT no Estado, inclusive com projetos de fortalecimento institucional e de formação política. Hoje, o Fórum Paulista reúne 31 grupos e dezenas de ativistas independentes, em todas as regiões do Estado.
12. O Fórum Paulista é um espaço plural e democrático, com a participação de diversas correntes políticas e ideológicas. Nesse Encontro, reforçamos a garantia de expressão das singularidades identitárias e a audição ativa de todas as demandas específicas em uma agenda comum. Acreditamos que somente com a participação de todas as identidades sexuais e de gênero, atravessadas por questões de classe, de raça, de gênero, de geração, regionais entre outras, manteremos a nossa capacidade de caminharmos juntos, reconhecendo e respeitando nossas diferenças.
13. Travestis e transexuais estão entre os setores da população mais vulnerabilizados socialmente. Se por um lado são pessoas expulsas de casa desde muito cedo, por outro, o Estado e a sociedade não lhes oferece alternativas de sobrevivência digna. É preciso promover sua participação integral na sociedade, por meio de políticas que lhes assegurem acesso e permanência na educação, saúde, trabalho e previdência. É preciso combater a violência contra essa população, especialmente aquela a que estão submetidas as travestis, garantindo uma política de segurança cidadã, que tome por base os direitos humanos. A luta pela despatologização das identidades trans deve ser impulsionada de modo a assegurar os direitos e políticas públicas atualmente reconhecidos, como o acesso ao processo transexualizador.
14. A misoginia e o machismo fomentam a invisibilidade das mulheres lésbicas e bissexuais, que enfrentam a naturalização das discriminações e das violências, no âmbito doméstico e familiar, nas escolas, nos atendimentos de vários profissionais da saúde e outras instituições, além da sociedade em geral. Mulheres são desestimuladas a participação nos espaços públicos, o que dificulta a inserção e fortalecimento no movimento LGBT. Estamos desafiados a enfrentar essas questões, promovendo o fortalecimento e o empoderamento dessas mulheres no movimento e nas políticas públicas.
15. Bissexuais estão entre os setores menos visibilizados pelo movimento LGBT e sofrem formas específicas de homofobia. Essas formas de violência e discriminação passam, principalmente, pelo apagamento reiteirado da existência das bissexualidades. Transformar essa realidade começa pelo respeito à auto-identificação das pessoas no movimento, pelo reconhecimento da orientação sexual de travestis e transexuais, pelo combate a essas formas específicas de homofobia e pelo acolhimento das/os parceiros/as heterossexuais de homens e mulheres bissexuais, de travestis e transexuais.
16. A Juventude LGBT sofre com diversos tipos de preconceito e discriminação, é expulsa de casa ou encarcerada em seu próprio ambiente familiar, e vivencia situações de evasão escolar, violência sexual, física e psicológica, além da difícil tarefa de construir a sua identidade. As políticas públicas para a juventude devem levar em consideração as necessidades dos jovens LGBT.
17. Em um primeiro momento, a discriminação sofrida por negros e negras LGBT, se inicia pelo racismo e se agrava pela discriminação por sua orientação sexual e/ou identidade de gênero. Devido a tal realidade, o recorte étnico/racial deve ser contemplado na construção de políticas públicas e sociais.
18. O Fórum Paulista defende a luta pela promoção dos direitos humanos da população LGBT. Esse encontro reconhece que essa luta só poderá ser bem sucedida se construída em conjunto com os demais movimentos sociais que constroem um Brasil mais justo, fraterno e igualitário. É fundamental caminhar na articulação e construção de bandeiras de luta comuns e ações conjuntas, sobretudo no enfrentamento do avanço do conservadorismo e do fundamentalismo religioso.
19. A garantia da laicidade do Estado é um pressuposto para a conquista de nossos direitos, bem como de uma verdadeira democracia, é base para estabelecer e exercer o direito à diversidade com equidade e justiça.
20. Para concretizar essas diretrizes, é necessário fortalecer o movimento LGBT paulista, o Fórum Paulista e a organizações filiadas, avançando nas seguintes questões:
21. organizar um dia estadual de luta contra a homofobia;
22. realizar a I Marcha LGBT a São Paulo, com pauta específica de reivindicações;
23. continuar o trabalho de ampliação da base do Fórum Paulista LGBT em todas as regiões, realizando novas caravanas, agregando mais municípios e grupos aos já existentes;
24.investir na formação política;
25. institucionalizar o Fórum Paulista e ter uma presença maior no cenário nacional;
26. priorizar a visibilização, organização, formação e empoderamento das lésbicas, bissexuais (homens, mulheres, travestis), travestis e homens e mulheres transexuais;
27. reforçar o diálogo e parceria com outros movimentos sociais;
28. construir uma plataforma LGBT e incidir no debate eleitoral de 2010;
29. investir na comunicação;
30. fortalecer alianças e diálogo com as universidades e centros de pesquisa e com os conselhos profissionais.
31. O IV Encontro Paulista LGBT convoca a todos e todas para a batalha pelos direitos LGBT e por políticas sociais universais.
FONTE: http://forumpaulistalgbt.org/site/content/view/226/59/ [destaques no texto, de nossa autoria]
São Carlos, 1 a 3 de julho de 2010.
Carta de São Carlos
Carta do IV Encontro Paulista de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, promovido pelo Fórum Paulista LGBT em parceira com a Prefeitura Municipal de São Carlos e a ONG Visibilidade LGBT, o encontro teve a participação de 130 militantes oriundos de 29 municipios
1. De 1 a 3 de julho de 2010, na cidade de São Carlos, realizamos o IV Encontro Paulista LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais). Esse encontro acontece juntamente com a II Parada do Orgulho LGBT de São Carlos, que não é mais somente a cidade da ciência e tecnologia, mas está passando a ser também a cidade da diversidade.
2. Em seu relatório anual denominado “Homofobia Estatal”, a Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Pessoas Trans e Intersexo – ILGA aponta que 86 países criminalizam a homossexualidade, sendo que sete deles com a pena de morte. São lentos os avanços na garantia dos direitos humanos no contexto internacional, com vários reveses. Neste momento, está em pauta impedir a aprovação da criminalização da homossexualidade em Uganda. Em diversos países, as manifestações do Orgulho LGBT são reprimidas pela polícia.
3. Frente a esse contexto, o movimento LGBT por meio de entidades como a ILGA e a ABGLT está envolvido no processo de incidência política pelos direitos LGBT frente aos organismos multilaterais (OEA e ONU) juntamente com diversas organizações internacionais de Direitos Humanos. Um tema importante da agenda do movimento é a questão da garantia da liberdade de identidade de gênero. Atualmente, está em curso uma campanha internacional de despatologização das identidades trans.
4. Milhões de LGBT ainda têm os seus direitos fundamentais violados diariamente em decorrência da violência e da ausência de leis específicas que criminalizem a homofobia. A pesquisa "Diversidade Sexual e Homofobia no Brasil...”, realizada pela Fundação Perseu Abramo, revela que 25% dos brasileiros são fortemente homofóbicos. Essa situação nos convoca para a luta em favor da democracia, pelos direitos humanos, pela igualdade e pela erradicação de todo tipo de discriminação. Na Constituição Federal, Art. 1o, incisos III e V, o Estado Brasileiro funda-se sobre a “dignidade da pessoa humana” e sobre o “pluralismo político”. Trata-se de afirmar o direito a ser diferente e a que essa diferença não seja transformada em desigualdade.
5. O lançamento do Plano Nacional de Direitos Humanos e Cidadania LGBT e a criação da Coordenadoria de Promoção dos Direitos LGBT representam avanços importantes no executivo federal. No entanto, a limitação da estrutura do orçamento público para a efetivação das ações programadas ainda é evidente. É preciso avançar na transformação das atuais políticas de enfrentamento da homofobia em políticas de Estado.
6. No Congresso Nacional, a agenda dos direitos humanos, dos direitos sexuais e reprodutivos e da cidadania LGBT encontra-se interditada. O fundamentalismo religioso avança dentro do legislativo, viabilizando, por exemplo, a tramitação de iniciativas reacionárias como o “estatuto do nascituro”. Criminalizar a homofobia, instituir a união estável entre pessoas do mesmo sexo, e permitir que pessoas transexuais e travestis alterem seu pré-nome e usem seu nome social são as prioridades do movimento LGBT junto ao Congresso Nacional.
7. Há avanços no campo do judiciário. Depois de muitos anos em que eram poucas as decisões judiciais favoráveis ao reconhecimento de direitos das pessoas LGBT, limitadas a 1ª Instância e ao tribunal de justiça do RS, começam a surgir decisões no Superior Tribunal de justiça (STJ), como a que admitiu a legalidade da adoção por parceiras homossexuais e a caracterização de uniões homossexuais como entidades familiares. Entretanto, o acesso à justiça ainda é precário e a maioria dos crimes contra LGBT permanece sem a devida apuração e punições. As defensorias públicas não comportam a demanda e não estão preparadas para atender LGBT. Nós LGBT, ainda somos alvo fácil em um sistema judiciário que é pautado em grande parte pelos interesses da elite branca heterossexista, machista e homofóbica.
8. O Judiciário Paulista, apesar de alguns avanços em outros tribunais estaduais e mesmo no STJ (Superior Tribunal de Justiça), se mantém como um dos mais conservadores e resistente ao reconhecimento das uniões entre pessoas do mesmo sexo como entidades familiares, e as poucas decisões favoráveis à pauta LGBT são isoladas e de 1ª Instância.
9. Em São Paulo, foi criada a Coordenação de Políticas da Diversidade Sexual e regulamentada a lei 10.948, além de publicado o decreto que garante o uso do nome social. Entretanto, em um contexto geral de desmonte das políticas sociais do governo estadual, faltam políticas públicas concretas de promoção da cidadania LGBT e combate à discriminação, sobretudo nas áreas de educação, saúde e segurança. É urgente a ampla divulgação da lei anti-discriminatória, nos moldes do que foi realizado no caso da lei anti-fumo. O plano estadual de combate à homofobia só será executado se houver recursos orçamentários e estrutura adequada, o que está longe de acontecer hoje. O Conselho Estadual deve ser constituído de maneira ampla e democrática.
10. Na Assembléia Legislativa, vimos várias tentativas de revogação da lei 10.948 e nenhum avanço na tramitação e aprovação de legislações afirmativas para a população LGBT. A Frente Parlamentar Estadual pela Cidadania LGBT está desarticulada. Nos municípios, algumas Câmaras de vereadores têm aprovados leis de promoção de direitos LGBT, mas são avanços pontuais.
11. As três primeiras edições do Encontro Paulista LGBT, aconteceram em 1999 (Campinas), em 2004 (São Paulo) e em 2006 (Assis). O Fórum Paulista LGBT foi criado a partir da deliberação do I Encontro, ganhou novo impulso a partir do II Encontro e desde então tem sido o espaço de debate e discussão do movimento LGBT no Estado, inclusive com projetos de fortalecimento institucional e de formação política. Hoje, o Fórum Paulista reúne 31 grupos e dezenas de ativistas independentes, em todas as regiões do Estado.
12. O Fórum Paulista é um espaço plural e democrático, com a participação de diversas correntes políticas e ideológicas. Nesse Encontro, reforçamos a garantia de expressão das singularidades identitárias e a audição ativa de todas as demandas específicas em uma agenda comum. Acreditamos que somente com a participação de todas as identidades sexuais e de gênero, atravessadas por questões de classe, de raça, de gênero, de geração, regionais entre outras, manteremos a nossa capacidade de caminharmos juntos, reconhecendo e respeitando nossas diferenças.
13. Travestis e transexuais estão entre os setores da população mais vulnerabilizados socialmente. Se por um lado são pessoas expulsas de casa desde muito cedo, por outro, o Estado e a sociedade não lhes oferece alternativas de sobrevivência digna. É preciso promover sua participação integral na sociedade, por meio de políticas que lhes assegurem acesso e permanência na educação, saúde, trabalho e previdência. É preciso combater a violência contra essa população, especialmente aquela a que estão submetidas as travestis, garantindo uma política de segurança cidadã, que tome por base os direitos humanos. A luta pela despatologização das identidades trans deve ser impulsionada de modo a assegurar os direitos e políticas públicas atualmente reconhecidos, como o acesso ao processo transexualizador.
14. A misoginia e o machismo fomentam a invisibilidade das mulheres lésbicas e bissexuais, que enfrentam a naturalização das discriminações e das violências, no âmbito doméstico e familiar, nas escolas, nos atendimentos de vários profissionais da saúde e outras instituições, além da sociedade em geral. Mulheres são desestimuladas a participação nos espaços públicos, o que dificulta a inserção e fortalecimento no movimento LGBT. Estamos desafiados a enfrentar essas questões, promovendo o fortalecimento e o empoderamento dessas mulheres no movimento e nas políticas públicas.
15. Bissexuais estão entre os setores menos visibilizados pelo movimento LGBT e sofrem formas específicas de homofobia. Essas formas de violência e discriminação passam, principalmente, pelo apagamento reiteirado da existência das bissexualidades. Transformar essa realidade começa pelo respeito à auto-identificação das pessoas no movimento, pelo reconhecimento da orientação sexual de travestis e transexuais, pelo combate a essas formas específicas de homofobia e pelo acolhimento das/os parceiros/as heterossexuais de homens e mulheres bissexuais, de travestis e transexuais.
16. A Juventude LGBT sofre com diversos tipos de preconceito e discriminação, é expulsa de casa ou encarcerada em seu próprio ambiente familiar, e vivencia situações de evasão escolar, violência sexual, física e psicológica, além da difícil tarefa de construir a sua identidade. As políticas públicas para a juventude devem levar em consideração as necessidades dos jovens LGBT.
17. Em um primeiro momento, a discriminação sofrida por negros e negras LGBT, se inicia pelo racismo e se agrava pela discriminação por sua orientação sexual e/ou identidade de gênero. Devido a tal realidade, o recorte étnico/racial deve ser contemplado na construção de políticas públicas e sociais.
18. O Fórum Paulista defende a luta pela promoção dos direitos humanos da população LGBT. Esse encontro reconhece que essa luta só poderá ser bem sucedida se construída em conjunto com os demais movimentos sociais que constroem um Brasil mais justo, fraterno e igualitário. É fundamental caminhar na articulação e construção de bandeiras de luta comuns e ações conjuntas, sobretudo no enfrentamento do avanço do conservadorismo e do fundamentalismo religioso.
19. A garantia da laicidade do Estado é um pressuposto para a conquista de nossos direitos, bem como de uma verdadeira democracia, é base para estabelecer e exercer o direito à diversidade com equidade e justiça.
20. Para concretizar essas diretrizes, é necessário fortalecer o movimento LGBT paulista, o Fórum Paulista e a organizações filiadas, avançando nas seguintes questões:
21. organizar um dia estadual de luta contra a homofobia;
22. realizar a I Marcha LGBT a São Paulo, com pauta específica de reivindicações;
23. continuar o trabalho de ampliação da base do Fórum Paulista LGBT em todas as regiões, realizando novas caravanas, agregando mais municípios e grupos aos já existentes;
24.investir na formação política;
25. institucionalizar o Fórum Paulista e ter uma presença maior no cenário nacional;
26. priorizar a visibilização, organização, formação e empoderamento das lésbicas, bissexuais (homens, mulheres, travestis), travestis e homens e mulheres transexuais;
27. reforçar o diálogo e parceria com outros movimentos sociais;
28. construir uma plataforma LGBT e incidir no debate eleitoral de 2010;
29. investir na comunicação;
30. fortalecer alianças e diálogo com as universidades e centros de pesquisa e com os conselhos profissionais.
31. O IV Encontro Paulista LGBT convoca a todos e todas para a batalha pelos direitos LGBT e por políticas sociais universais.
FONTE: http://forumpaulistalgbt.org/site/content/view/226/59/ [destaques no texto, de nossa autoria]
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domingo, 4 de julho de 2010
Notícias do 4o. Encontro Paulista LGBT
Olás! Saudades!
Puxa, que pena que vocês não puderam ir ao 4o. Encontro Paulista. Mesmo com as coisas que são complicadas no ativismo, conseguimos avançar em muitos debates. Estou orgulhosa da carta que construímos ao final do Encontro e dos avanços que pudemos fazer. Estou muito orgulhosa do trabalho que eu e Tchê pelo Espaço B e Dani e Natasha pelo bi-sides fizemos na oficina.
As mesas sobre laicidade e sobre articulação com movimentos sociais foram muito boas, trouxeram discussões que nunca fizemos dessa maneira no movimento paulista.
A oficina sobre bissexualidades foi linda, intensa e assistida por 23 pessoas, entre homens jovens, mulheres de todas as idades e várias travestis e transexuais.
Pela primeira vez falamos na vulnerabilidade dos/as parceiros/as hetero de bis e de trans e na necessidade de acolhê-los nos grupos. Foi também a primeira vez que colocamos num documento paulista a questão do respeito à orientação sexual de travestis e trans.
Falar no direito ao desejo e ao amor é um jeito de humanizar trans e bis... Reconhecer que hetero também sofrem homofobia foi romper sutilmente as caixinhas sem precisar fragilizar o movimento.
Pudemos nos colocar, falar da dor do apagamento do que somos pelo movimento, pela sociedade de modo geral e pelas pessoas que produzem conhecimento científico. Pudemos dizer da nossa necessidade de não apagar parte do que somos e sentimos para sermos aceitos/as. Hoje estamos um pouquinho mais certos/as de que somos viáveis e podemos existir.
As pessoas ouviram com respeito, comentaram e traziam dúvidas sinceras, falaram de seus sentimentos. Para nós que estivemos coordenando a oficina foi libertador falar pra pessoas, das quais não sabíamos nem qual a identidade sexual ou de gênero, sobre nossos dramas mais íntimos e, a partir daí, refletir coletivamente sobre o respeito às diferenças no movimento e sobre o movimento que queremos construir.
Conhecemos várias outras pessoas que se colocam como bis e que se importam com construir um mundo mais igualitário, onde haja lugar para todos/as e também para a gente.
Logo mando a carta de São Carlos pra vocês verem, ela ainda não saiu, mas queria compartilhar a alegria e a sensação de que valeu a pena ter ido ao Encontro.
Puxa, que pena que vocês não puderam ir ao 4o. Encontro Paulista. Mesmo com as coisas que são complicadas no ativismo, conseguimos avançar em muitos debates. Estou orgulhosa da carta que construímos ao final do Encontro e dos avanços que pudemos fazer. Estou muito orgulhosa do trabalho que eu e Tchê pelo Espaço B e Dani e Natasha pelo bi-sides fizemos na oficina.
As mesas sobre laicidade e sobre articulação com movimentos sociais foram muito boas, trouxeram discussões que nunca fizemos dessa maneira no movimento paulista.
A oficina sobre bissexualidades foi linda, intensa e assistida por 23 pessoas, entre homens jovens, mulheres de todas as idades e várias travestis e transexuais.
Pela primeira vez falamos na vulnerabilidade dos/as parceiros/as hetero de bis e de trans e na necessidade de acolhê-los nos grupos. Foi também a primeira vez que colocamos num documento paulista a questão do respeito à orientação sexual de travestis e trans.
Falar no direito ao desejo e ao amor é um jeito de humanizar trans e bis... Reconhecer que hetero também sofrem homofobia foi romper sutilmente as caixinhas sem precisar fragilizar o movimento.
Pudemos nos colocar, falar da dor do apagamento do que somos pelo movimento, pela sociedade de modo geral e pelas pessoas que produzem conhecimento científico. Pudemos dizer da nossa necessidade de não apagar parte do que somos e sentimos para sermos aceitos/as. Hoje estamos um pouquinho mais certos/as de que somos viáveis e podemos existir.
As pessoas ouviram com respeito, comentaram e traziam dúvidas sinceras, falaram de seus sentimentos. Para nós que estivemos coordenando a oficina foi libertador falar pra pessoas, das quais não sabíamos nem qual a identidade sexual ou de gênero, sobre nossos dramas mais íntimos e, a partir daí, refletir coletivamente sobre o respeito às diferenças no movimento e sobre o movimento que queremos construir.
Conhecemos várias outras pessoas que se colocam como bis e que se importam com construir um mundo mais igualitário, onde haja lugar para todos/as e também para a gente.
Logo mando a carta de São Carlos pra vocês verem, ela ainda não saiu, mas queria compartilhar a alegria e a sensação de que valeu a pena ter ido ao Encontro.
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Buscando referências: junt@s somos mais fortes
Essa é a Dani do bi-sides. Nos conhecemos este ano, no dia da Caminhada de Lésbicas e Mulheres Bis de Sampa. Que bom encontrar pessoas com quem podemos dividir nossas necessidades e fazer junt@s algo a respeito! Minha vida é muito mais feliz porque existem Xandracs, Rachels, Rosas, Cricas, Tatis, Nanás, Anninhas, Ronaldos, Rodrigos, Danis, Natashas, Tchês e tant@s outr@s...
Para conhecer outros grupos e iniciativas bis e que discutem bissexualidade no Brasil, veja os parceiros deste blog. ;-)
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sexta-feira, 25 de junho de 2010
Encontro do Espaço B e do bi-sides no último domingo
No último domingo à tarde aconteceu o primeiro encontro entre o pessoal do bi-sides e do Espaço B em Sampa. Nos encontramos no Parque do Trianon. O papo foi uma delícia. O pessoal do bi-sides é uma galerinha bem jovem (na faixa dos 20 anos) e estávamos em 8 pessoas reunidas no parque em plena hora do jogo do Brasil... O que a vontade de encontrar pessoas e conversar não faz!? (risos)
Falamos de movimento, relacionamentos, argumentos preconceituosos, discriminação na escola e de relações familiares, mas sobretudo de nossa falta de lugar no mundo e da falta de com quem conversar num mundo que parece estar mesmo dividido entre homos e heteros por estes tempos.
Estávamos bem ansiosos por encontrar companhia e fazer alguma coisa em relação a essa situação. Em breve, teremos o 4o. Encontro Paulista LGBT (1-3 de julho em São Carlos na UFSCar). Conversamos a respeito e decidimos fazer uma ação educativa e de fortalecimento de nós mesmxs por lá. Estamos propondo uma oficina sobre Bissexualidades, vulnerabilidades e insersão no movimento LGBT, que será oferecida pela galera do Espaço B e do bi-sides. Quem estiver por lá vai participar da 2a. Parada LGBT de São Carlos, no dia 04.
Se você for de São Paulo e estiver a fim de ir ao Encontro Paulista LGBT, fale com a gente pelo email disponível na parte de contatos do blog. As inscrições vão até amanhã (26/06). Afinal, fazer uma oficina aberta sobre o tema e irmos juntos a uma Parada é algo inédito!
Falamos de movimento, relacionamentos, argumentos preconceituosos, discriminação na escola e de relações familiares, mas sobretudo de nossa falta de lugar no mundo e da falta de com quem conversar num mundo que parece estar mesmo dividido entre homos e heteros por estes tempos.
Estávamos bem ansiosos por encontrar companhia e fazer alguma coisa em relação a essa situação. Em breve, teremos o 4o. Encontro Paulista LGBT (1-3 de julho em São Carlos na UFSCar). Conversamos a respeito e decidimos fazer uma ação educativa e de fortalecimento de nós mesmxs por lá. Estamos propondo uma oficina sobre Bissexualidades, vulnerabilidades e insersão no movimento LGBT, que será oferecida pela galera do Espaço B e do bi-sides. Quem estiver por lá vai participar da 2a. Parada LGBT de São Carlos, no dia 04.
Se você for de São Paulo e estiver a fim de ir ao Encontro Paulista LGBT, fale com a gente pelo email disponível na parte de contatos do blog. As inscrições vão até amanhã (26/06). Afinal, fazer uma oficina aberta sobre o tema e irmos juntos a uma Parada é algo inédito!
terça-feira, 22 de junho de 2010
Dissolução do Coletivo Brasileiro de Bissexuais (agosto de 2007)
Prezadas/os companheiras/os e parceiras/os,
Vimos por esta comunicar de público nossa discordância da forma como foi conduzido o processo de indicação de representantes do Coletivo Brasileiro de Bissexuais ao Seminário Nacional de Saúde de GLBTT e nosso afastamento desse Coletivo.
Muitos de nós participamos do momento de criação do Coletivo no XII EBGLT em 2005 e lutamos muito para que a organização política em favor do direito de bissexuais existisse no Brasil. O CBB se constituiu como uma Rede de ativistas que atuam politicamente pelos direitos de bissexuais e nos propusemos a tarefa de ampliar a mobilização de ativistas bis no Brasil e as discussões a respeito do tema no movimento GLBT e nos espaços de controle social e construção de políticas públicas, bem como aprofundar a discussão sobre direitos, demandas e organização política de bissexuais entre os próprios ativistas do Coletivo.
No entanto, consideramos que a realização dessas tarefas tem sido prejudicada pelas dificuldades de articulação colocadas por termos como espaço exclusivo de discussão e construção coletiva uma lista de discussão de internet, que ao que tudo indica tem sido insuficiente para manter as/os ativistas mobilizadas/os e articuladas/os.
Por outro lado, percebemos também dificuldades com relação aos processos de indicação de representantes para espaços de controle social e construção de políticas públicas.
No processo que se deu para a participação no Seminário de Saúde de GLBTT, houve a princípio uma auto-indicação de um dos integrantes do Coletivo, que encaminhou sua ficha para participação na Comissão Organizadora em detrimento do ativista que havia sido referendado pelo Coletivo, de modo que quando o segundo foi encaminhar sua ficha foi informado pelo primeiro de que ele já havia encaminhado a sua. Tal fato só foi relatado ao Coletivo quando outra integrante postou os nomes dos integrantes da referida Comissão e não constava o nome que foi indicado, mas o outro.
Posteriormente, no processo de indicação de participantes pelo CBB, as/os integrantes foram orientadas/os pelo então "representante" do Coletivo na Comissão de que havia o limite de um nome por estado e que as fichas deviam ser encaminhadas a ele com cópia para a técnica do Ministério da Saúde responsável. Desse modo, os nomes encaminhados não foram referendados pelas pessoas que integram a lista de discussões do Coletivo e só casualmente chegaram ao conhecimento de uma das integrantes do mesmo, que iniciou uma discussão sobre a validade da indicação pelo CBB de nomes de ativistas que não fazem parte da lista do Coletivo e de nenhuma das entidades que tinham ativistas participando da lista no momento da indicação.
O resultado da discussão foi a manifestação de 14 integrantes da lista, que inclui 28 nomes, sendo que, destes, 13 questionaram a condução do processo e/ou discordaram da indicação de nomes de ativistas de outrossegmentos em detrimento do protagonismo político de ativistas auto-identificados politicamente com a luta pelos direitos de bissexuais.
Os 13 integrantes que discordaram do processo de indicação foram: Regina Facchini (Espaço B/APOGLBT - SP), Dino Alves (Pró-Vida - AL), Rodrigo Braga do Couto Rosa (Identidade e NUDU/Campinas - SP), Ronaldo Gomes das Neves (Viva a Diversidade - Diadema/SP), Rosa Maria Rodrigues de Oliveira (ativista em atuação na universidade - SC), Cristiane Marçal (Identidade e NuDU - Campinas/SP), Alexandre Santos
(Espaço B/APOGLBT - SP), Tatiana Maurano (CASVI - Piracicaba/SP), Alexandra Martins (LBL - DF), Vera Couto (EntreBis/Movimento D'Ellas - RJ), Rachel Falivene (ColméiaBi/Moleca - Campinas/SP), Cris Simões (ABL- RJ), Lucienne Rebelo (GLBTTs Socialistas - SP).
O "representante", no entanto, seguiu desqualificando as manifestações que ocorriam e recusando-se a tomar como legítima a manifestação da parte das/os inscritas/os na lista que se dispunham a opinar sobre o tema. Pressionado pelo envio de informações da discussão por um dos integrantes da lista diretamente à técnica do Ministério, o "representante" selecionou e repassou alguns dos emails trocados na lista.
A técnica do Ministério atuante na articulação do Seminário, por sua vez, decidiu questões como a indicação de dois nomes pelo estado de Alagoas, adotando como critério estabelecido por conta própria a seleção da ficha que chegou primeiro (a de um ativista que não milita no movimento de bissexuais e cujo grupo de base não tinha sequer representante inscrito na lista do CBB).
Ainda, a mesma técnica manifestou-se dizendo que aguardava o posicionamento do CBB transmitido pelo "representante", embora soubesse que a posição pessoal do mesmo, além de não ser consensual na Rede, era também minoritária. Além disso, ignorou manifestações individuais e emails repassados pelo próprio "representante" que demonstravam a fragilidade política do processo conduzido no CBB, permitindo que representantes não referendados chegassem a ser apoiados com recursos públicos para participarem do Seminário.
É assim, com pesar, que tornamos públicas nossa discordância em relação à condução dada a esse processo e nossa decisão de nos afastarmos do CBB, a fim de nos dedicarmos ao fortalecimento do movimento na base e evitar que nossas atuações locais sejam usadas para legitimar nomes de "representantes" que nunca priorizaram a defesa dos direitos de bissexuais em sua atuação.
Ressaltamos também que não reconhecemos como legítimos os resultados da representação de segmento feita por ativistas que não foram referendados pela Rede a qual pertencíamos, uma vez que o tempo a ser dedicado à discussão de propostas foi todo gasto com debates sobre a legitimidade do processo de indicação de representantes e que alguns dos indicados a representarem o Coletivo - 03 deles - sequer chegaram a entrar em contato direto com a lista que serve de espaço de articulação do CBB.
Reafirmamos ainda nossa crença na importância da articulação em âmbito nacional. No entanto, entendemos que nos voltarmos prioritariamente ao fortalecimento das ações locais e regionais é estratégico para a estruturação do movimento em favor dos direitos de bissexuais e que a retomada do projeto de uma Rede Nacional pode ser feita assim que as bases do movimento estejam mais fortalecidas.
Atenciosamente,
Alexandra Martins Costa - LBL - Brasília/DF
Alexandre Santos - Espaço B/Assoc. da Parada do Orgulho GLBT e Rede Paulista de Bissexuais - São Paulo/SP
Cris Simões - ABL - Rio de Janeiro/RJ
Rachel Falivene - Colméia Bi/Moleca e Rede Paulista de Bissexuais - Campinas/SP
Regina Facchini - Espaço B/Assoc. da Parada do Orgulho GLBT e Rede Paulista de Bissexuais - São Paulo/SP
Rodrigo Canuto - EntreBis/Movimento D'Ellas - Rio de Janeiro/RJ
Rosa Maria Rodrigues de Oliveira - ativista independente - Florianópolis/SC
Ronaldo Gomes Neves - Viva a Diversidade e Rede Paulista de Bissexuais -
Diadema/SP
Rodrigo Braga do Couto Rosa - Identidade - Grupo de Ação Pela Cidadania LGTTB, NuDU - Núcleo de Diversidade Sexual da Unicamp e Rede Paulista de Bissexuais - Campinas/SP
Tatiana Maurano - CASVI e Rede Paulista de Bissexuais - Piracicaba/SP
Vimos por esta comunicar de público nossa discordância da forma como foi conduzido o processo de indicação de representantes do Coletivo Brasileiro de Bissexuais ao Seminário Nacional de Saúde de GLBTT e nosso afastamento desse Coletivo.
Muitos de nós participamos do momento de criação do Coletivo no XII EBGLT em 2005 e lutamos muito para que a organização política em favor do direito de bissexuais existisse no Brasil. O CBB se constituiu como uma Rede de ativistas que atuam politicamente pelos direitos de bissexuais e nos propusemos a tarefa de ampliar a mobilização de ativistas bis no Brasil e as discussões a respeito do tema no movimento GLBT e nos espaços de controle social e construção de políticas públicas, bem como aprofundar a discussão sobre direitos, demandas e organização política de bissexuais entre os próprios ativistas do Coletivo.
No entanto, consideramos que a realização dessas tarefas tem sido prejudicada pelas dificuldades de articulação colocadas por termos como espaço exclusivo de discussão e construção coletiva uma lista de discussão de internet, que ao que tudo indica tem sido insuficiente para manter as/os ativistas mobilizadas/os e articuladas/os.
Por outro lado, percebemos também dificuldades com relação aos processos de indicação de representantes para espaços de controle social e construção de políticas públicas.
No processo que se deu para a participação no Seminário de Saúde de GLBTT, houve a princípio uma auto-indicação de um dos integrantes do Coletivo, que encaminhou sua ficha para participação na Comissão Organizadora em detrimento do ativista que havia sido referendado pelo Coletivo, de modo que quando o segundo foi encaminhar sua ficha foi informado pelo primeiro de que ele já havia encaminhado a sua. Tal fato só foi relatado ao Coletivo quando outra integrante postou os nomes dos integrantes da referida Comissão e não constava o nome que foi indicado, mas o outro.
Posteriormente, no processo de indicação de participantes pelo CBB, as/os integrantes foram orientadas/os pelo então "representante" do Coletivo na Comissão de que havia o limite de um nome por estado e que as fichas deviam ser encaminhadas a ele com cópia para a técnica do Ministério da Saúde responsável. Desse modo, os nomes encaminhados não foram referendados pelas pessoas que integram a lista de discussões do Coletivo e só casualmente chegaram ao conhecimento de uma das integrantes do mesmo, que iniciou uma discussão sobre a validade da indicação pelo CBB de nomes de ativistas que não fazem parte da lista do Coletivo e de nenhuma das entidades que tinham ativistas participando da lista no momento da indicação.
O resultado da discussão foi a manifestação de 14 integrantes da lista, que inclui 28 nomes, sendo que, destes, 13 questionaram a condução do processo e/ou discordaram da indicação de nomes de ativistas de outrossegmentos em detrimento do protagonismo político de ativistas auto-identificados politicamente com a luta pelos direitos de bissexuais.
Os 13 integrantes que discordaram do processo de indicação foram: Regina Facchini (Espaço B/APOGLBT - SP), Dino Alves (Pró-Vida - AL), Rodrigo Braga do Couto Rosa (Identidade e NUDU/Campinas - SP), Ronaldo Gomes das Neves (Viva a Diversidade - Diadema/SP), Rosa Maria Rodrigues de Oliveira (ativista em atuação na universidade - SC), Cristiane Marçal (Identidade e NuDU - Campinas/SP), Alexandre Santos
(Espaço B/APOGLBT - SP), Tatiana Maurano (CASVI - Piracicaba/SP), Alexandra Martins (LBL - DF), Vera Couto (EntreBis/Movimento D'Ellas - RJ), Rachel Falivene (ColméiaBi/Moleca - Campinas/SP), Cris Simões (ABL- RJ), Lucienne Rebelo (GLBTTs Socialistas - SP).
O "representante", no entanto, seguiu desqualificando as manifestações que ocorriam e recusando-se a tomar como legítima a manifestação da parte das/os inscritas/os na lista que se dispunham a opinar sobre o tema. Pressionado pelo envio de informações da discussão por um dos integrantes da lista diretamente à técnica do Ministério, o "representante" selecionou e repassou alguns dos emails trocados na lista.
A técnica do Ministério atuante na articulação do Seminário, por sua vez, decidiu questões como a indicação de dois nomes pelo estado de Alagoas, adotando como critério estabelecido por conta própria a seleção da ficha que chegou primeiro (a de um ativista que não milita no movimento de bissexuais e cujo grupo de base não tinha sequer representante inscrito na lista do CBB).
Ainda, a mesma técnica manifestou-se dizendo que aguardava o posicionamento do CBB transmitido pelo "representante", embora soubesse que a posição pessoal do mesmo, além de não ser consensual na Rede, era também minoritária. Além disso, ignorou manifestações individuais e emails repassados pelo próprio "representante" que demonstravam a fragilidade política do processo conduzido no CBB, permitindo que representantes não referendados chegassem a ser apoiados com recursos públicos para participarem do Seminário.
É assim, com pesar, que tornamos públicas nossa discordância em relação à condução dada a esse processo e nossa decisão de nos afastarmos do CBB, a fim de nos dedicarmos ao fortalecimento do movimento na base e evitar que nossas atuações locais sejam usadas para legitimar nomes de "representantes" que nunca priorizaram a defesa dos direitos de bissexuais em sua atuação.
Ressaltamos também que não reconhecemos como legítimos os resultados da representação de segmento feita por ativistas que não foram referendados pela Rede a qual pertencíamos, uma vez que o tempo a ser dedicado à discussão de propostas foi todo gasto com debates sobre a legitimidade do processo de indicação de representantes e que alguns dos indicados a representarem o Coletivo - 03 deles - sequer chegaram a entrar em contato direto com a lista que serve de espaço de articulação do CBB.
Reafirmamos ainda nossa crença na importância da articulação em âmbito nacional. No entanto, entendemos que nos voltarmos prioritariamente ao fortalecimento das ações locais e regionais é estratégico para a estruturação do movimento em favor dos direitos de bissexuais e que a retomada do projeto de uma Rede Nacional pode ser feita assim que as bases do movimento estejam mais fortalecidas.
Atenciosamente,
Alexandra Martins Costa - LBL - Brasília/DF
Alexandre Santos - Espaço B/Assoc. da Parada do Orgulho GLBT e Rede Paulista de Bissexuais - São Paulo/SP
Cris Simões - ABL - Rio de Janeiro/RJ
Rachel Falivene - Colméia Bi/Moleca e Rede Paulista de Bissexuais - Campinas/SP
Regina Facchini - Espaço B/Assoc. da Parada do Orgulho GLBT e Rede Paulista de Bissexuais - São Paulo/SP
Rodrigo Canuto - EntreBis/Movimento D'Ellas - Rio de Janeiro/RJ
Rosa Maria Rodrigues de Oliveira - ativista independente - Florianópolis/SC
Ronaldo Gomes Neves - Viva a Diversidade e Rede Paulista de Bissexuais -
Diadema/SP
Rodrigo Braga do Couto Rosa - Identidade - Grupo de Ação Pela Cidadania LGTTB, NuDU - Núcleo de Diversidade Sexual da Unicamp e Rede Paulista de Bissexuais - Campinas/SP
Tatiana Maurano - CASVI e Rede Paulista de Bissexuais - Piracicaba/SP
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segunda-feira, 21 de junho de 2010
Contribuição de ativistas bissexuais ao XII EBGLT (novembro de 2005)
Prezadas/os companheiras/os,
A temática da bissexualidade ainda é cercada de muitos estereótipos e preconceitos, mesmo dentro do nosso movimento. É comum ouvirmos brincadeiras maldosas envolvendo bissexualidade dentro e fora do movimento, associando-a, entre outras coisas, a enrustimento, transitoriedade, indecisão, instabilidade, promiscuidade, traição. Apesar da presença cotidiana de pessoas que têm desejos, práticas e/ou identidades bissexuais no interior do movimento, essas associações não vinham sendo questionadas até muito recentemente.
No final dos anos 70, quando surgiram os primeiros grupos de militância homossexual brasileiros, práticas sexuais com homens e mulheres eram geralmente percebidas como tendo um caráter liberador. No entanto, dizer-se bissexual era relacionado a não assumir o que realmente devia ser assumido e poderia revolucionar de maneira profunda a sociedade: a homossexualidade. Nesse momento, dizer-se bissexual era igual a ser "enrustido/a".
A partir de meados dos anos 80, um outro fator entra em cena: a aids. Em tempos de "peste gay", como a aids era chamada no começo, o envolvimento sexual com homens e mulheres não é mais visto como liberador, mas como promiscuidade criminosa. Bissexualidade passa a não ter relação apenas com ser "enrustido", mas com alguém que infecta, que trai mortalmente. Esse é o momento em que se fala muito da "ponte bissexual do HIV". Apesar da aids estar, em termos epidemiológicos, mais relacionada ao sexo entre homens do que ao sexo entre mulheres, a mesma lógica se reproduz no raciocínio de algumas lésbicas, para quem uma mulher bissexual seria "suja" pelo contato com o homem, visto como necessariamente promíscuo.
Nos últimos anos, temos assistido a organização política de ativistas que se reconhecem como bissexuais e a criação de núcleos de reflexão sobre bissexualidade no interior de grupos/ONG. O crescente envolvimento de bissexuais nos fóruns de articulação regionais e nacionais do movimento atesta tal organização, bem como sua disposição de lutar pelo fortalecimento dos direitos sexuais. Queremos compartilhar com as/os companheiras/os de militância de todo o Brasil um conjunto de recentes conquistas que acreditamos fortalecer o movimento pelas liberdades de orientação sexual e de identidade de gênero como um todo. Gostaríamos, também, sensibilizar os/as participantes do XII EBGLT quanto à necessidade de discutir o tema das bissexualidades e acolher a atuação organizada de bissexuais no movimento brasileiro.
O ano de 2004 foi muito especial para nós, homens, mulheres – inclusive os/as transexuais e transgêneros – e travestis que se reconhecem como bissexuais no movimento homossexual. Desde o início de março de 2004, na Associação do Orgulho GLBT de São Paulo, têm ocorrido as reuniões do projeto Espaço B, atividades quinzenais e abertas, que têm por objetivo construir uma base de argumentação sobre direitos humanos e (bi)sexualidades e promover um ambiente de acolhimento para bissexuais. Grupos universitários como o Prisma (USP) e o Diversidade (Unicamp) têm articulado grupos pró-diversidade sexual nas universidades e acolhido bissexuais.
Ativistas bissexuais começaram a mostrar suas caras em diversos grupos: Estruturação (DF), Identidade (Campinas), Diversidade (Unicamp), Prisma (USP), Mo.Le.Ca (Campinas), Ser Humano (SP), E-Jovem (Campinas), E-Sampa (SP), Umas e Outras (SP). Uma proposta de discutir bissexualidade sem formar um grupo específico ou restringir a discussão a pessoas que se identifiquem como bissexuais tem sido desenvolvida, desde junho de 2004, pelo Mo.Le.Ca, grupo de lésbicas de Campinas.
Em junho, fundamos a lista Espaço B no yahoogrupos, que propiciou a articulação de uma rede informal de ativistas bissexuais e de ativistas apoiadoras/es por vários estados espalhados no país e levou à demanda pela ampliação do critério de inscrições no II Encontro Paulista GLBT, de modo a aceitar inscrições de ativistas formalmente identificadas/os como bissexuais. A Plenária Final do II Encontro Paulista, em agosto, aprovou: a criação da Rede B, rede estadual de ativistas bissexuais, que objetiva expandir-se e visibilizar a questão nacionalmente; o estímulo à discussão do tema bissexualidade nos grupos gays, lésbicos ou mistos já existentes, através de atividades abertas a pessoas de qualquer identidade sexual; a viabilização de campanha, no interior do movimento, com o objetivo de desconstruir imagens negativas associadas à bissexualidade e inserir a representação desse segmento em fóruns e encontros do movimento; a inclusão do segmento nas reivindicações levadas pelo movimento; e a adoção, como diretriz para a atuação dos grupos, do princípio de procurar agir através de estratégias que enfrentem a homofobia sem contrapor negativamente homossexualidade a hetero ou bissexualidade, ou sem, equivocadamente, combater hetero e/ou bissexuais.
Em outubro, nasce o Bis – Núcleo de Bissexuais do grupo Estruturação (DF) e o Jornal BIS - www.bis.jor.br - , cujos objetivos são envolver bissexuais na luta por direitos sexuais e por direito de igualdade quando se fala de direitos humanos, desconstruir mitos e idéias errôneas sobre a bissexualidade, trabalhar campanhas de prevenção às DST/AIDS, educar quanto ao uso de preservativo e distribuir material.
Em novembro de 2004, ocorreu o Encontro Nacional da Liga Brasileira de Lésbicas, onde se reconheceu a organização política das mulheres bissexuais e acolheu a presença dessas ativistas na Liga.
Em janeiro de 2005, levamos nossa demanda de reconhecimento ao Congresso da ABGLT, onde fomos acolhidas/os e nossas propostas foram agregadas ao conjunto de Teses aprovadas naquele Congresso.
Nós, ativistas bissexuais atuantes no movimento brasileiro, gostaríamos de ter reconhecido, por este encontro, instância máxima do movimento em âmbito nacional, nosso trabalho pela organização política de homens, mulheres – inclusive os/as transexuais e transgêneros – e travestis bissexuais e pelo acolhimento de bissexuais no interior do nosso movimento. Queremos continuar atuando no sentido de fortalecer o movimento pelas liberdades de orientação sexual e de identidade de gênero como um todo. Que lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e trangêneros, juntos e juntas, sejamos agentes da transformação do preconceito e do ódio em respeito e eqüidade. Afirmemos a diversidade que compõe o arco-íris do desejo e do amor humanos. Caminhemos juntas/os!
Propostas para o XII EBGLT:
- Estimular a discussão do tema bissexualidade no interior do movimento brasileiro, de modo a criar um ambiente acolhedor para pessoas que se reconhecem como bissexuais no interior do mesmo;
- Criação de uma rede nacional de ativistas bissexuais e apoiadores para estimular o debate e combater concepções estereotipadas no interior do movimento;
- Promover campanha pelo reconhecimento e respeito à bissexualidade e à organização política de bissexuais por parte dos grupos/ONG do nosso movimento;
- Incluir em todas as demandas afirmadas pelo movimento a questão da bissexualidade;
- Tão logo seja possível, reconhecer, através da inclusão do "B" de bissexuais no nome do nosso encontro nacional, a existência e organização desses/as ativistas no movimento brasileiro;
- Adotar, como diretriz para os grupos/ONG do nosso movimento, o princípio de procurar agir através de estratégias que enfrentem a homofobia sem, para tanto, combater heterossexuais e/ou bissexuais;
- Promover no interior do movimento uma discussão conceitual a respeito das distinções entre desejos, práticas e identidades sexuais, de modo a subsidiar o debate sobre sexualidades no interior do movimento e a construção de políticas públicas;
- Incentivar a participação de bissexuais em todos os eventos do movimento;
- Lutar pela inclusão do quesito orientação sexual em formulários médicos e de serviços como os centros de referência a partir do comportamento sexual (ter tido sexo com homens, mulheres, ambos ou nenhum ao longo da vida), que pode ser comparado com dados sobre identidade, a fim de que se conheça melhor as demandas de saúde ligadas à orientação sexual;
- Promover uma discussão que permita distinguir conceitualmente identidade de gênero e orientação sexual, a fim de reconhecer que travestis, transexuais e transgêneros podem ter seus desejos e práticas sexuais voltados para homens, mulheres, ambos ou mesmo para outras pessoas trans;
- Incentivar grupos e ONG para que, nas ações de prevenção e capacitação de multiplicadores, a abordagem das bissexualidades seja qualificada, a fim de otimizar a prevenção entre bissexuais, respeitando suas especificidades;
- Incentivar e propiciar espaços para que bissexuais possam discutir coletivamente e apoiar lésbicas, gays, travestis, transexuais e transgêneros no combate às assimetrias de gênero, hierarquias de papéis sexuais e toda forma de preconceito, discriminação ou violência relacionados à orientação sexual ou identidade de gênero;
- Promover ações a fim de orientar e qualificar profissionais de educação e sensibilizar acadêmicos para o acolhimento respeitoso e ações educativas que visem a plena inclusão de jovens e adolescentes bissexuais, assim como lésbicas, gays, travestis, transexuais e transgêneros, nas escolas e universidades.
Alexandra Martins (BIS - Núcleo de Bissexuais / Grupo Estruturação de Brasília - DF )
Alexandre Peixe dos Santos (Secretaria de Travestis e Transexuais/Assoc. da Parada do Orgulho GLBT SP – SP)
Alexandre Toledo (BIS - Núcleo de Bissexuais / Grupo Estruturação de Brasília – DF)
Aline de Freitas (ativista independente - SP)
Ennio Brauns (ativista independente – SP)
Isadora Lins (Espaço B / Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo - SP )
Janaina Lima (Identidade - Grupo de Ação Pela Cidadania de LGTTB - Campinas - SP)
Jorge Leite Jr (ativista independente - SP)
Mário Felipe de Lima Carvalho (Grupo Prisma - DCE Livre/USP - SP)
Rachel Falivene Tapajós (Movimento Lésbico de Campinas - MO.LE.CA - SP )
Regina Facchini (Espaço B / Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo - SP )
Rodrigo Braga do Couto Rosa (Identidade - Grupo de Ação Pela Cidadania de LGTTB - Campinas - SP)
Ronaldo Gomes Neves (Associação Viva a Diversidade - Diadema - SP)
Alejandra Sardá (Coordinadora del Programa para América Latina y el Caribe/IGLHRC – Argentina)
A temática da bissexualidade ainda é cercada de muitos estereótipos e preconceitos, mesmo dentro do nosso movimento. É comum ouvirmos brincadeiras maldosas envolvendo bissexualidade dentro e fora do movimento, associando-a, entre outras coisas, a enrustimento, transitoriedade, indecisão, instabilidade, promiscuidade, traição. Apesar da presença cotidiana de pessoas que têm desejos, práticas e/ou identidades bissexuais no interior do movimento, essas associações não vinham sendo questionadas até muito recentemente.
No final dos anos 70, quando surgiram os primeiros grupos de militância homossexual brasileiros, práticas sexuais com homens e mulheres eram geralmente percebidas como tendo um caráter liberador. No entanto, dizer-se bissexual era relacionado a não assumir o que realmente devia ser assumido e poderia revolucionar de maneira profunda a sociedade: a homossexualidade. Nesse momento, dizer-se bissexual era igual a ser "enrustido/a".
A partir de meados dos anos 80, um outro fator entra em cena: a aids. Em tempos de "peste gay", como a aids era chamada no começo, o envolvimento sexual com homens e mulheres não é mais visto como liberador, mas como promiscuidade criminosa. Bissexualidade passa a não ter relação apenas com ser "enrustido", mas com alguém que infecta, que trai mortalmente. Esse é o momento em que se fala muito da "ponte bissexual do HIV". Apesar da aids estar, em termos epidemiológicos, mais relacionada ao sexo entre homens do que ao sexo entre mulheres, a mesma lógica se reproduz no raciocínio de algumas lésbicas, para quem uma mulher bissexual seria "suja" pelo contato com o homem, visto como necessariamente promíscuo.
Nos últimos anos, temos assistido a organização política de ativistas que se reconhecem como bissexuais e a criação de núcleos de reflexão sobre bissexualidade no interior de grupos/ONG. O crescente envolvimento de bissexuais nos fóruns de articulação regionais e nacionais do movimento atesta tal organização, bem como sua disposição de lutar pelo fortalecimento dos direitos sexuais. Queremos compartilhar com as/os companheiras/os de militância de todo o Brasil um conjunto de recentes conquistas que acreditamos fortalecer o movimento pelas liberdades de orientação sexual e de identidade de gênero como um todo. Gostaríamos, também, sensibilizar os/as participantes do XII EBGLT quanto à necessidade de discutir o tema das bissexualidades e acolher a atuação organizada de bissexuais no movimento brasileiro.
O ano de 2004 foi muito especial para nós, homens, mulheres – inclusive os/as transexuais e transgêneros – e travestis que se reconhecem como bissexuais no movimento homossexual. Desde o início de março de 2004, na Associação do Orgulho GLBT de São Paulo, têm ocorrido as reuniões do projeto Espaço B, atividades quinzenais e abertas, que têm por objetivo construir uma base de argumentação sobre direitos humanos e (bi)sexualidades e promover um ambiente de acolhimento para bissexuais. Grupos universitários como o Prisma (USP) e o Diversidade (Unicamp) têm articulado grupos pró-diversidade sexual nas universidades e acolhido bissexuais.
Ativistas bissexuais começaram a mostrar suas caras em diversos grupos: Estruturação (DF), Identidade (Campinas), Diversidade (Unicamp), Prisma (USP), Mo.Le.Ca (Campinas), Ser Humano (SP), E-Jovem (Campinas), E-Sampa (SP), Umas e Outras (SP). Uma proposta de discutir bissexualidade sem formar um grupo específico ou restringir a discussão a pessoas que se identifiquem como bissexuais tem sido desenvolvida, desde junho de 2004, pelo Mo.Le.Ca, grupo de lésbicas de Campinas.
Em junho, fundamos a lista Espaço B no yahoogrupos, que propiciou a articulação de uma rede informal de ativistas bissexuais e de ativistas apoiadoras/es por vários estados espalhados no país e levou à demanda pela ampliação do critério de inscrições no II Encontro Paulista GLBT, de modo a aceitar inscrições de ativistas formalmente identificadas/os como bissexuais. A Plenária Final do II Encontro Paulista, em agosto, aprovou: a criação da Rede B, rede estadual de ativistas bissexuais, que objetiva expandir-se e visibilizar a questão nacionalmente; o estímulo à discussão do tema bissexualidade nos grupos gays, lésbicos ou mistos já existentes, através de atividades abertas a pessoas de qualquer identidade sexual; a viabilização de campanha, no interior do movimento, com o objetivo de desconstruir imagens negativas associadas à bissexualidade e inserir a representação desse segmento em fóruns e encontros do movimento; a inclusão do segmento nas reivindicações levadas pelo movimento; e a adoção, como diretriz para a atuação dos grupos, do princípio de procurar agir através de estratégias que enfrentem a homofobia sem contrapor negativamente homossexualidade a hetero ou bissexualidade, ou sem, equivocadamente, combater hetero e/ou bissexuais.
Em outubro, nasce o Bis – Núcleo de Bissexuais do grupo Estruturação (DF) e o Jornal BIS - www.bis.jor.br - , cujos objetivos são envolver bissexuais na luta por direitos sexuais e por direito de igualdade quando se fala de direitos humanos, desconstruir mitos e idéias errôneas sobre a bissexualidade, trabalhar campanhas de prevenção às DST/AIDS, educar quanto ao uso de preservativo e distribuir material.
Em novembro de 2004, ocorreu o Encontro Nacional da Liga Brasileira de Lésbicas, onde se reconheceu a organização política das mulheres bissexuais e acolheu a presença dessas ativistas na Liga.
Em janeiro de 2005, levamos nossa demanda de reconhecimento ao Congresso da ABGLT, onde fomos acolhidas/os e nossas propostas foram agregadas ao conjunto de Teses aprovadas naquele Congresso.
Nós, ativistas bissexuais atuantes no movimento brasileiro, gostaríamos de ter reconhecido, por este encontro, instância máxima do movimento em âmbito nacional, nosso trabalho pela organização política de homens, mulheres – inclusive os/as transexuais e transgêneros – e travestis bissexuais e pelo acolhimento de bissexuais no interior do nosso movimento. Queremos continuar atuando no sentido de fortalecer o movimento pelas liberdades de orientação sexual e de identidade de gênero como um todo. Que lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e trangêneros, juntos e juntas, sejamos agentes da transformação do preconceito e do ódio em respeito e eqüidade. Afirmemos a diversidade que compõe o arco-íris do desejo e do amor humanos. Caminhemos juntas/os!
Propostas para o XII EBGLT:
- Estimular a discussão do tema bissexualidade no interior do movimento brasileiro, de modo a criar um ambiente acolhedor para pessoas que se reconhecem como bissexuais no interior do mesmo;
- Criação de uma rede nacional de ativistas bissexuais e apoiadores para estimular o debate e combater concepções estereotipadas no interior do movimento;
- Promover campanha pelo reconhecimento e respeito à bissexualidade e à organização política de bissexuais por parte dos grupos/ONG do nosso movimento;
- Incluir em todas as demandas afirmadas pelo movimento a questão da bissexualidade;
- Tão logo seja possível, reconhecer, através da inclusão do "B" de bissexuais no nome do nosso encontro nacional, a existência e organização desses/as ativistas no movimento brasileiro;
- Adotar, como diretriz para os grupos/ONG do nosso movimento, o princípio de procurar agir através de estratégias que enfrentem a homofobia sem, para tanto, combater heterossexuais e/ou bissexuais;
- Promover no interior do movimento uma discussão conceitual a respeito das distinções entre desejos, práticas e identidades sexuais, de modo a subsidiar o debate sobre sexualidades no interior do movimento e a construção de políticas públicas;
- Incentivar a participação de bissexuais em todos os eventos do movimento;
- Lutar pela inclusão do quesito orientação sexual em formulários médicos e de serviços como os centros de referência a partir do comportamento sexual (ter tido sexo com homens, mulheres, ambos ou nenhum ao longo da vida), que pode ser comparado com dados sobre identidade, a fim de que se conheça melhor as demandas de saúde ligadas à orientação sexual;
- Promover uma discussão que permita distinguir conceitualmente identidade de gênero e orientação sexual, a fim de reconhecer que travestis, transexuais e transgêneros podem ter seus desejos e práticas sexuais voltados para homens, mulheres, ambos ou mesmo para outras pessoas trans;
- Incentivar grupos e ONG para que, nas ações de prevenção e capacitação de multiplicadores, a abordagem das bissexualidades seja qualificada, a fim de otimizar a prevenção entre bissexuais, respeitando suas especificidades;
- Incentivar e propiciar espaços para que bissexuais possam discutir coletivamente e apoiar lésbicas, gays, travestis, transexuais e transgêneros no combate às assimetrias de gênero, hierarquias de papéis sexuais e toda forma de preconceito, discriminação ou violência relacionados à orientação sexual ou identidade de gênero;
- Promover ações a fim de orientar e qualificar profissionais de educação e sensibilizar acadêmicos para o acolhimento respeitoso e ações educativas que visem a plena inclusão de jovens e adolescentes bissexuais, assim como lésbicas, gays, travestis, transexuais e transgêneros, nas escolas e universidades.
Alexandra Martins (BIS - Núcleo de Bissexuais / Grupo Estruturação de Brasília - DF )
Alexandre Peixe dos Santos (Secretaria de Travestis e Transexuais/Assoc. da Parada do Orgulho GLBT SP – SP)
Alexandre Toledo (BIS - Núcleo de Bissexuais / Grupo Estruturação de Brasília – DF)
Aline de Freitas (ativista independente - SP)
Ennio Brauns (ativista independente – SP)
Isadora Lins (Espaço B / Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo - SP )
Janaina Lima (Identidade - Grupo de Ação Pela Cidadania de LGTTB - Campinas - SP)
Jorge Leite Jr (ativista independente - SP)
Mário Felipe de Lima Carvalho (Grupo Prisma - DCE Livre/USP - SP)
Rachel Falivene Tapajós (Movimento Lésbico de Campinas - MO.LE.CA - SP )
Regina Facchini (Espaço B / Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo - SP )
Rodrigo Braga do Couto Rosa (Identidade - Grupo de Ação Pela Cidadania de LGTTB - Campinas - SP)
Ronaldo Gomes Neves (Associação Viva a Diversidade - Diadema - SP)
Alejandra Sardá (Coordinadora del Programa para América Latina y el Caribe/IGLHRC – Argentina)
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